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A inflação pessoal ou de cada agregado familiar

15-08-2022

A inflação impacta na vida de todos nós e a inflação oficial pode ser diversa da inflação pessoal. No orçamento das famílias têm mais peso os preços dos bens comprados com mais frequência. Tal explica porque muitas famílias percecionam a sua inflação atual como sendo superior à inflação oficial.

E quanto menor for o rendimento das famílias maior peso terá o aumento de preços que se tem vindo a sentir nos bens e serviços, nomeadamente nos bens essenciais e energia.

O aumento nos preços do gás e da eletricidade atingiram de forma mais acentuada as famílias mais pobres, em que estes gastos representam em média 10% a 12 % das despesas totais, ou seja, três vezes mais do que essa rúbrica representa no orçamento das famílias com mais altos rendimentos.

Para definir um plano e estratégia para combater a inflação e tomar medidas, cada família deve começar por fazer um diagnóstico financeiro. Para tal, deve utilizar a ferramenta orçamento familiar para calcular a sua inflação pessoal.  

Podemos medir a nossa inflação pessoal através da comparação do aumento dos nossos gastos de um período para outro, seja mensal, semestral ou anualmente.

Calcule aqui a sua taxa de inflação pessoal

ELABORAR UM DIAGNÓSTICO FINANCEIRO

Muitas vezes o nosso padrão de vida obriga à alteração dos hábitos de consumo, o que terá efeito no nosso orçamento familiar.

Faça um orçamento e identifique os seus principais gastos e rendimentos.

Depois, caso o saldo do seu orçamento mensal seja negativo ou próximo de zero, reflita cuidadosamente: poderá reduzir algumas despesas? Deverá desde logo identificar os gastos essenciais e os gastos não essenciais ou supérfluos. No curto/médio prazo poderá agir sobre estes e cortar alguns, se necessário.

CALCULAR A TAXA DE ESFORÇO

Não se esqueça de identificar as responsabilidades de crédito que detém e calcular a taxa de esforço, ou seja o peso das prestações de crédito no seu rendimento líquido. Idealmente deveria ser inferior a 35%. Caso seja superior, tente reduzir as prestações de crédito. Contacte a instituição de crédito e tente baixar as prestações. A DECO poderá ajudá-lo na busca de solução.

REEQUILIBRAR O ORÇAMENTO FAMILIAR

A carne e o peixe aumentaram, as atividades extra dos filhos, o combustível e as idas ao restaurante estão mais caras.

Sem tentar perder qualidade de vida, procure alterar hábitos e comportamentos que ajudarão no combate à inflação.

Deixamos aqui algumas dicas que o poderão ajudar nesta tarefa:

POUPAR NO SUPERMERCADO E NAS DESPESAS ESSENCIAIS

A fatura alimentar tem um peso considerável no orçamento familiar, situando-se entre 35 a 40% do total das despesas. Os preços dos bens alimentares aumentaram fortemente, a dois dígitos, precedidos por um longo período de relativa estabilidade, o que leva a fundados receios de acréscimo de pobreza e dificuldades acrescidas, mesmo em famílias que antes não experienciavam tal quadro.

Faça um orçamento para a ida ao supermercado e procure cumpri-lo.

Pesquise preços e promoções. Aproveite descontos dos cartões de fidelização.

Compre fruta e legumes da época nas mercearias locais e defina refeições semanais, comprando de acordo com as necessidades e evitando desperdício.

POUPAR NOS SEGUROS E SERVIÇOS FINANCEIROS

Analise o número de contas bancárias que tem. Precisa mesmo de todas?

Se puder, opte pelos serviços mínimos bancários, poupando dezenas de euros em comissões.

Faça também uma análise qualitativa dos créditos que tem e pondere libertar- se de alguns.

E quantos cartões de crédito detém? Paga anuidade? Faça uma análise e reduza-os ao mínimo necessário.

Para quem tem crédito à habitação com taxa de juro variável, peça simulações para a eventualidade de passar a taxa fixa ou mista ou de transferir o empréstimo para outro banco.

Se tiver um “pé-de-meia” pondere amortizar alguns créditos se a taxa de juro das aplicações que detiver não compensarem a inflação e tiverem uma rentabilidade abaixo do juro que paga pelo empréstimo.

Avalia regularmente o seu extrato bancário?

Se tem créditos sabe qual a taxa de juro (TAEG) que está a suportar? Será possível reduzir algumas dessas taxas?

Faça ainda uma análise aos seus seguros. Há cartões de crédito com seguros associados que porventura nem se lembra que tem e de que poderá beneficiar

Verifique se não tem seguros duplicados ou se não tem coberturas para eventuais riscos que poderão ser importantes. Faça uma pesquisa de mercado para reduzir eventuais prémios dos seguros, se possível.

Aconselhe-se com a DECO, contacte o seu banco e outros bancos e avalie alternativas.

REDUZIR DESPESAS COM A HABITAÇÃO E ASSOCIADAS

As despesas que se prendem com a casa, sejam a renda de casa ou a prestação de crédito habitação, são gastos que provavelmente não conseguirá reduzir no curto prazo.

Mas algo poderá fazer e desde já: refletir sobre o futuro. Poderá reunir a família e avaliar da possibilidade de rever os seus hábitos e optar por um estilo de vida mais sustentável e que, a prazo, lhe trará não só melhor qualidade de vida como diminuição de gastos.

Para muitos consumidores e casais a opção pelo teletrabalho já é uma realidade.

Uma solução viável para alguns poderia passar por vender o apartamento na cidade e comprar um imóvel na aldeia ou fora dos grandes centros urbanos. Poderia, por exemplo, investir numa casa, não necessariamente mais pequena, mas certamente mais sustentável, que permitiria reduzir gastos, não só ao nível da fatura energética ou da água, como da alimentar, com uma pequena horta para agricultura de subsistência, ou até reduzir gastos em combustível, etc., etc.

Cada família deverá avaliar a sua situação e procurar soluções que permitam viver bem com menos e manter estável a sua situação financeira.

Por exemplo, a opção por um carro elétrico em vez de dois carros do casal poderá também ser uma escolha mais rentável para algumas famílias e cujo investimento poderia ter retorno no médio prazo.


PARA REFLETIR

A melhor forma de combater o aumento da inflação poderá passar por “regressar ao básico” e viver de forma mais sustentável no médio-longo prazo, considerando formas de reduzir despesas e/ou aumentar o rendimento.

Organização, rigor e disciplina exigem-se na gestão das finanças pessoais.

Os tempos são de incerteza quanto ao futuro, mas também são de resiliência e renovação.

As mudanças que estamos a vivenciar exigem que saibamos responder a mais este desafio, depois de uma pandemia que a todos atingiu.

As famílias mais carenciadas e vulneráveis merecem um olhar especial por parte dos nossos governantes, chamados a mitigar os efeitos da crise e de uma possível recessão.

Mas para mitigar o seu impacto nas famílias algo estará nas nossas mãos: prevenir o sobre-endividamento e agir atempadamente será fundamental!

Se precisar de aconselhamento contacte o Gabinete de Proteção Financeira da DECO.

A inflação na área Euro: consulte aqui mais informação


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