
São muitos os consumidores que nos colocam questões sobre crédito consolidado, nomeadamente se a sua contratação tem vantagens ou não para o seu orçamento pessoal ou familiar.
O que é o crédito consolidado?
Antes de mais, convém esclarecer que o crédito consolidado é um crédito que tem como objetivo a liquidação de outros créditos detidos pelo consumidor ficando este com uma única prestação, perante uma única instituição de crédito
À primeira vista poderá parecer esta a melhor opção para muitos consumidores, contudo nem sempre a consolidação de créditos é efetivamente a opção mais adequada, atendendo à situação financeira individual ou familiar em concreto. É essencial que se realize uma avaliação pormenorizada e precisa da situação.
Cuidados que deve ter
Tenha em atenção os custos associados ao crédito consolidado, pois em regra este tem como desvantagem aumentar o prazo de pequenos créditos (como por exemplo créditos para aquisição de eletrodomésticos ou mobiliário, etc.) e, consequentemente o valor que vai pagar pelo crédito vai aumentar consideravelmente.
Pedir várias simulações
Assim se está a pensar contratar crédito para a liquidação de outros créditos deverá realizar várias simulações em diferentes instituições de crédito e comparar as diferentes condições que lhe são apresentadas.
Analisar e comparar a FIN
Quando realizar as simulações é lhe disponibilizada a FIN (Ficha de informação Normalizada) que contém a informação sobre condições do crédito. É com base nesta informação que poderá tomar uma decisão mais consciente/ esclarecida sobre a contratação do crédito.
Quando analisar a FINE deverá ter especial atenção aos seguintes aspetos:
– TAEG– Taxa Anual de Encargos Efetiva Global;
-Prazo de reembolso do crédito, isto é o tempo que vai estar a pagar o crédito, quanto mais longo for o prazo mais caro ficará o crédito;
-A existência ou não de um Seguro de Proteção ao Crédito. Caso lhe seja sugerido a contratação de um seguro verifique se este é-lhe útil de acordo com a sua situação em concreto. Para tal, análise cuidadosamente a apólice do seguro e tenha especial atenção as cláusulas de exclusão;
-MTIC – Montante Total Imputado ao Consumidor.
Outros aspetos a ter em conta
Para além da informação referida anteriormente, deverá considerar que determinados fatores têm especial relevância para a atribuição ou não do crédito consolidado, tais como:
– A informação que consta na Central de Responsabilidades de Crédito do Banco de Portugal, nomeadamente informação negativa, como por exemplo créditos renegociados por incumprimento, créditos em incumprimento, créditos abatidos ao ativo, crédito em litígio judicial. Caso alguma destas informações constem da sua Central de Responsabilidades dificilmente terá acesso à concessão de crédito;
–A taxa de esforço elevada, sendo que a taxa recomendada é de 35%;
– Possibilidade de poder apresentar garantias adicionais, quer sejam reais, como por exemplo uma hipoteca, ou pessoais como por exemplo um fiador. Estas podem ser solicitadas pelas instituições atendendo ao valor do crédito e à própria avaliação de risco;
– Situações de desemprego, divórcio, doença, redução salarial, entre outras, serão consideradas como fatores negativos.
Quando deve ponderar o recurso ao crédito consolidado
Em determinadas circunstâncias o crédito consolidado poderá ser uma opção válida quando:
– Permite uma redução substancial da taxa de esforço, através de uma prestação mais reduzida do que as detidas anteriormente, o que consequentemente levará a uma maior liquidez ao orçamento pessoal ou familiar;
– Permite liquidar créditos com TAEG mais elevadas do que a praticada no crédito consolidado, como cartões de crédito ou facilidades de descoberto em conta ordenado, entre outras,
– Permite uma melhor gestão da situação creditícia e do orçamento pessoal / familiar atendendo que só possuirá uma única prestação junto de uma única entidade credora.
– Está em vias de entrar em incumprimento, tendo já tentado renegociar as condições dos créditos sem sucesso.
O crédito consolidado pode não ser opção
Esta é uma opção que acarreta também algumas desvantagens quando:
– Visa a liquidação de créditos com TAEG ou prazos de reembolso mais reduzidas, pois o crédito consolidado vai sair-lhe mais caro;
– Promove um círculo vicioso de sobre-endividamento, através da maior facilidade de concessão de crédito pelas instituições, uma vez que, em regra, poderá levar a uma redução da taxa de esforço. Não raros são os casos de consumidores, que após a contratação de um crédito consolidado, voltam a contratar mais créditos, nomeadamente, o designado crédito fácil;
– Os prazos encontram-se no máximo legalmente permitindo, isto é 120 meses, para que a prestação mensal seja a mais reduzida possível, levando a que, em caso de dificuldades no pagamento do mesmo, seja mais difícil a sua restruturação, por não ser possível o alargamento do prazo;
– Existe um aumento significativo dos custos do crédito, nomeadamente com os juros, devido ao prolongamento do prazo de reembolso.
Tenha em atenção
Em suma, a contratação de um crédito consolidado deverá resultar de uma decisão ponderada e adaptada à realidade financeira de cada consumidor.
Sublinha-se que caso esta lhe pareça uma opção adequada deverá recorrer diretamente às instituições de crédito autorizadas pelo Banco de Portugal a conceder crédito.
Tenha em atenção que a partir de Abril de 2020 entram em vigor novas regras quanto aos prazos de reembolso para os créditos pessoais celebrados a partir dessa data, tendo consequentemente impacto direto sobre os novos créditos consolidados.
Para mais informações ou dúvidas, não hesite em contactar-nos telefonicamente, para os nºs 213 710 238 / 22 339 19 61 ou por email: gas@deco.pt ou gas.norte@deco.pt
EP