
Em 2021 as famílias ainda não conseguiram recuperar todos os seus rendimentos. Muitas foram confrontadas com a perda de emprego, com interrupções da sua atividade profissional, com a redução de comissões, horas extraordinárias. Em 2022 a situação das famílias é ainda mais agravada pelo aumento de preços das despesas essenciais e pela preocupação das famílias com a subida de taxas de juro, sobretudo no que respeita ao crédito à habitação.
Em 2021 o Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da DECO recebeu 30.000 pedidos de aconselhamento financeiro das famílias portuguesas. No ano anterior, 2020, tinham sido recebidos 30.100 pedidos e em 2019 29.154.
52% dos consumidores pretendiam saber como podiam renegociar as suas responsabilidades de crédito, com o objetivo de tentar reequilibrar o seu orçamento familiar.
No 1º trimestre de 2022 o aconselhamento relativo à reestruturação de crédito está aumentar significativamente (56%) o que pode antever um comportamento preventivo das famílias quanto a futuras dificuldades financeiras.
Os processos de intervenção
DECO abriu 2.744 processos de intervenção em 2021
No desenvolvimento destes processos de intervenção, o GPF DECO contacta as entidades credoras para promover uma reestruturação dos contratos de crédito e/ou dívidas (por exemplos, dívidas de serviços públicos), trabalhando com as famílias a gestão e otimização do seu orçamento familiar para que consigam cumprir com as obrigações financeiras.
As causas das dificuldades das famílias
29% das famílias que recorreram este Gabinete da DECO, em 2021, apontam o desemprego como principal causa das suas dificuldades financeiras. Porém, no 1º trimestre deste ano, 2022, a perda de rendimentos tornou-se o motivo principal dessas dificuldades. Poder-se-á afirmar que estes dados refletem os efeitos socioeconómicos resultantes da pandemia da COVID-19.
As famílias que pedem ajuda
As famílias com dificuldades financeiras que pedem ajuda são agregados compostos por 3 elementos,
Têm rendimentos líquidos mensais em média de 1.100€.
São famílias multiendividadas, em média têm 5 créditos, 1 crédito à habitação, 2 pessoais e 2 cartões de crédito.
Em média mensalmente têm que pagar 860€ de prestações.
Em 2021 verificou-se uma acentuada diminuição do incumprimento no crédito em especial no crédito à habitação, justificada maioritariamente pela aplicação da moratória. Este decréscimo no incumprimento do crédito habitação manteve durante o 1º trimestre de 2022.
A taxa de esforço
Taxa de esforço, é uma medida de análise do risco de crédito que relaciona o valor das prestações bancárias (prestação do crédito habitação, credito automóvel; cartões de credito; credito pessoal) com os rendimentos do agregado familiar, o passou para 78%
O rendimento médio das famílias que procuraram o apoio do GPF é de 1.100€ e um total de prestações com crédito de 860€. Estes dois valores permitem calcular a taxa de esforço.
Em 2021, a taxa de esforço das famílias, que não deve ser superior a 35%, continua a ser muito elevada: 78%.
Dados | Relatório do GPF dados de 2021-1º trimestre de 2022
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